quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Somos os heróis uns dos outros



Texto escrito a propósito do filme Os gatos não têm vertigens

Serei eu o herói da minha vida ou ocupará alguém esse lugar? E o que é ser um herói?

Alguém com super poderes, capaz de ultrapassar todas as barreiras e dificuldades?Alguém indestrutível que no fim sai sempre vencedor?

Penso que não, pois, se assim fosse com certeza que não seria esse herói.
Ou será simplesmente alguém que faz a diferença?Que está sempre lá na hora certa? E que se importa o suficiente para nos fazer pensar, para nos amparar e nos ajudar a ultrapassar os momentos difíceis?Que pode fazer a diferença no rumo que tomamos, mudar a nossa vida simplesmente por estar ali do nosso lado e continuar a lutar por nós mesmo quando nós próprios nos consideramos uma guerra perdida.

No fundo, o que eu acho é que todos nós somos um bocadinho heróis na vida uns dos outros, pois, em algumas alturas da nossa vida através dos nossos atos, mesmo não tendo consciência, podemos influenciar a vida de quem nos rodeia e torná-la assim um pouco mais leve.

Simples palavras, simples gestos podem fazer coisas grandes como ajudar a construir um rumo na vida de quem se tinha sido perdido, e que, com a nossa ajuda, ganhou força para voltar a andar.

Será assim então possível que eu seja o herói da minha vida?

Carolina Almeida nº8 10ºE(2014/2015)

somos os Heróis da nossa vida?

Será que eu vou ser a heroína da minha vida ou esse lugar vai ser ocupado por outra pessoa?
Charles Dickens, David Copperfield / 'Os gatos não têm vertigens'




Como todas as questões  em filosofia, esta é só mais uma entre várias perguntas que nos fazem pensar intensamente no significado de cada palavra e como é que estas influenciam a nossa vida.

Todos nós crescemos a ver e ouvir histórias sobre os super-heróis mais famosos de sempre, desde o super-homem à mulher-maravilha, mas neste caso a palavra “herói” não se aplica à simples ideia de um indivíduo de capa vermelha e que estranhamente possui um poder extraordinário.

O que levanta a questão: “O que será verdadeiramente um herói?” ou “O que é ser um herói na realidade?”.

Será que podemos considerar um bombeiro ou um médico um herói por salvar vidas? Talvez, porque um herói é alguém que se dedica com tamanha convicção e vontade para alcançar os seus objectivos, pondo de lado as suas dificuldades. É também verdade, que para ser herói não é preciso acertar e ter sucesso constantemente, mas sim tentar sempre, pois um herói é aquele que nunca desiste. Ser herói não é só salvar vidas, ir para a guerra e arriscar a vida, mas é sim, todas as pequenas coisas, tal como a simples ideia de sairmos da nossa zona de conforto e fazermos algo a que não estamos habituados ou pensávamos que não conseguíamos fazer, realizar algo de uma maneira diferente – Ser diferente!

O que é muito raro fazer hoje em dia, porque fomos criados a não fazer aquilo que não estamos acostumados, ensinaram-nos a seguir sempre o mesmo caminho – o caminho certo ou muitas vezes, o mais fácil. E quando optamos por escolher o outro caminho, não somos elogiados, porque é simplesmente a natureza do ser humano (na maioria das vezes) – optando sempre pela maneira mais segura.

Mas na minha opinião, o facto de não o fazermos é o que nos faz heróis, o facto de sermos e agirmos de forma diferente do que os outros, arriscarmo-nos a escolher o “outro caminho”, inovarmos na nossa maneira de pensar e ao esquecermos o que é “certo” e o que é “errado”. Isto é o que todos os super-heróis que tanto admirávamos tinham e talvez seja o que deveríamos optar por fazer.

Mas será que eu vou ser isso na minha vida? Ou outra pessoa é que vai fazer isso por mim? Será que eu tenho a capacidade de me destacar dos outros ao fugir dos modelos de sucesso já programados e escolher o outro caminho?

Quando somos confrontados com esta questão, o nosso primeiro instinto é sempre dizer que sim, pois acreditamos em nós próprios e nas nossas capacidades, mas ao pensarmos cada vez mais começamos a duvidar da nossa pessoa e do nosso futuro.

Na minha opinião, eu, e provavelmente todos os outros, queríamos ser capazes de ser os heróis das suas vidas, mas a outra opção é também bastante real ou talvez o lugar de herói pode nem chegar a ser preenchido. Como é que sabemos então? Não sabemos. Eu acredito que todas as coisas têm a sua razão de acontecer, pois conseguimos tomar as nossas próprias decisões, mudando assim o decurso do nosso destino, por isso apenas podemos esperar e acreditar nas nossas próprias decisões e, com sorte, um dia percebemos que sim, fomos os heróis da nossa vida.

Bruna Alexandra Alves Ferreira  Nº6 10ºE(2014/2015)

EU vou ser a heroína da minha vida

Será que eu vou ser a heroína da minha vida ou esse lugar vai ser ocupado por outra pessoa?
Charles Dickens, David Copperfield / 'Os gatos não têm vertigens'





Eu ainda não sei ao certo se vou ser a heroína da minha vida ou se esse lugar irá ser ocupado por outra pessoa. Debruço-me e questiono-me sobre esta pergunta. Afinal de contas o que é ser uma heroína ou como é que nos sentimos estando no lugar de um herói ou de uma heroína? Para essa questão eu tenho uma resposta, o tempo, pois o tempo é que me vai levar à minha resposta. Só o tempo me dirá se vou ou não ser a heroína da minha vida.

Muitos dizem que o tempo passa a correr, para mim o tempo passa de uma maneira muito suave e clara.

Eu não quero crescer e pensar que não consegui e nem fui a heroína da minha vida.

Não digo que não quero salvar vidas ou defender pessoas que correm perigo como os heróis de banda desenhada, muito pelo contrário, eu quero deixar a minha marca e quero que ela fique bem visível para que todas possam vê-la, mas não quero que admirem a minha marca, eu quero deixar essa marca nos meus pais, amigos, conhecidos e sobretudo nos meus filhos.

Não quero que me tratem como uma heroína quero que me tratem por aquilo que sou e como sou, não quero ser o centro das atenções eu quero ser apenas aquilo que eu sempre fui e sou, afinal de contas eu sou um misto de coisas.

Eu disse que o tempo era a única “instância” que me podia dizer se eu vou ou não vou ser a heroína da minha vida, pois em relação a isso eu já tenho a minha resposta.

EU vou ser a heroína da minha vida e esse lugar não vai ser ocupado por outra pessoa.

Porque afinal de contas por detrás de cada um há sempre um herói ou uma heroína e não há ninguém que consiga ocupar esse lugar porque esse lugar sempre nos pertenceu e sempre nos pertencerá.

Noémi Barros 10ºE (2014/2015)








O filme e a crise (dos valores)

Os Gatos não têm Vertigens, onde assuntos sérios são tratados com uma leveza fluida, não se enquadra na categoria de comédia romântica, tão pouco de thriller. É uma história de vida, mais próxima de Jaime do que de Call Girl ou A Bela e o Paparazzo, até porque reincide na vasta temática da adolescência. O que o filme tem de melhor é a forma como evidencia, em pano de fundo e de forma absolutamente transversal, a questão da crise. Não é uma crise generalizada, é mesmo esta que os portugueses vivem e sofrem. Está presente nos pormenores, do vizinho que perde o emprego e é obrigado a voltar à terra, da casa que não se consegue vender, do talho que abre falência.

Essa crise é também um dos planos centrais da trama intergeracional: o rapaz abandonado por pai e mãe que não tem onde cair morto, a velhota abandonada pela família que faz de tudo para contornar a solidão. Lembra o audacioso programa que existe no Porto, em que idosos recebem estudantes universitários, alojamento em troca de companhia, um bom negócio para ambas as partes.

No plano exterior, em Os Gatos não têm Vertigens tudo rui. Sobretudo a família que está em crise, não só no sentido urbano pós-moderno - os pais não têm tempos para os filhos e mais tarde os filhos não têm tempo para os pais -, mas também no sentido trágico e 'neorrealista': o pai é bêbedo e dá pancada no filho, que rouba para viver numa delinquência forçada e vai parar a um terraço onde Rosa a trata como um gato.

Não obstante estes ligeiros traços, não há qualquer proximidade com o neorrealismo (nem o do cinema italiano, nem o mais recente do cinema romeno, tão pouco do Cinema Novo onde as primeiras obras de António-Pedro se poderiam enquadrar). Porque o realizador faz questão de artificializar este mundo real, sacando-o do domínio palpável, pois só assim entra no território da fábula. E é isso que o filme é ou em que se transforma: um conto de fadas urbano, que envolve uma história de amor platónico (Rosa substitui o marido por Jô). E assim, o pesado contexto de crise (monetária e de valores) é tratado de forma leve, com uma moral positiva e fácil, indicando que por mais trágicos que sejam os factos, há sempre uma saída limpa. Os gatos não têm vertigens porque caem sempre de pé.

Manuel Halpern
http://visao.sapo.pt/os-gatos-nao-tem-vertigens-de-antonio-pedro-vasconcelos=f795766

Este filme foi exibido nas turmas 10D e 10E, no âmbito da disciplina de Filosofia.
Vamos publicar textos dos alunos inspirados no filme.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Auschwitz - 70 anos depois


O sentido da existência humana from Paulo Gomes

Dia da libertação de Auschwitz foi há 70 anos


Frederico Moreno


Esta terça-feira comemora-se o Dia de Memória do Holocausto, assinalando o dia da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polónia.

Há precisamente 70 anos eram libertados os prisioneiros do maior e mais terrível campo de concentração nazi. O local onde morreram mais de um milhão de pessoas recebe esta terça-feira os familiares das vítimas e alguns sobreviventes, a maioria com mais de 90 anos.
(com Sandra Henriques)
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O QUE RESTA DE AUSCHWITZ (Capítulo I. A Testemunha)
Giorgio Agamben é um filósofo italiano (Roma, 1942) que tem a sua formação inicial no campo do Direito, mas transita entre as dimensões do Direito, da Ética, da Estética, da Literatura, da Teologia-política, e, por excelência, da Política. Em linhas gerais, cinco são as tensões presentes na obras de Agamben: o problema da biopolítica; o problema da potência do pensamento; homo saccer; o problema do Estado de exceção; e a crise da razão na modernidade.

APRESENTAÇÃO (de Selvino Assmann)
A obra O que resta de Auschwitz retoma a problemática das obras Homo sacer (1995) e Mezzi senza fine (1996), em particular a distinção entre vida nua[1] (zoé) e forma de vida propriamente humana[2] (bios).
O que resta de Auschwitz não deve ser visto como mais um livro histórico sobre a crueldade nazi, onde se encontra depoimentos comoventes e que levam o leitor a novamente se indignar com a tamanha crueldade do nazismo, no contraponto mesmo desta leitura, o nosso autor vai tentar discutir o “resto” de Auschwitz, o “resto” que não se encera com o julgamento pelo Direito dos nazis. Há nos campos de concentração de Auschwitz um “resto”, que não finda com a condenação dos nazis.
Este “resto” esta estreitamente ligado ao testemunho do Muçulmano[3], o qual, por mais que desejar-se-ia (ou não), nos foi perdido, pela incapacidade mesmo do testemunho. Para tanto, o primeiro capítulo da obra, vai-se debruçar sobre este problema.
Na esteira do problema do testemunho Primo Levi coloca:
(…), não somos nós, os sobreviventes, as autênticas testemunhas. (…). Nós, sobreviventes, somos uma minoria anómala, (…): somos aqueles que, por prevaricação, habilidade ou sorte[4], não tocamos o fundo. Quem o fez, (…), não voltou para contar, ou voltou mudo; mas eles, os “muçulmanos”, os que submergiram – são eles as testemunhas integrais, cujo depoimento teria significado geral."
Em última instância, o problema de Agamben é discutir as implicâncias éticas dos campos de concentração de Auschwitz, ou ainda, na sua formulação, “fincar cá e lá algumas estacas que eventualmente poderão orientar os futuros cartógrafos da nova terra ética”.
A TESTEMUNHA
a)    Não-humano e o 'mulçumano'
Agamben lançará mão de uma distinção de dois tipos de homens presentes nos campos de concentração, o primeiro grupo, que é a exceção, são os sobreviventes, e há um segundo grupo, os mulçumanos, que são a regra. Essa distinção tem haver com as condições físicas e psicológicas de cada um, os primeiros, por mais debilitados que estivessem, ainda conservavam traços “humanos”. Ou seja, poderia vê-los conversando, andando e trabalho, já os muçulmanos eram homens chamados de não-humanos, porque se encontravam em um certo estado de anestesia e apatia com o mundo e com o outro, que os tirava da condição de humanos, lançando-os num espaço suspenso, distante da humanidade.
b)   O Direito não encerra Auschwitz
Agamben coloca o equivoco comumente feito entre as categorias da éticas e as categorias jurídicas, as quais vêem na justiça um manto ético, e essa confusão fez com que por muito tempo, se acreditasse que os problemas advindo dos campos de concentração haviam findando, não obstante, o nosso autor discorda dessa leitura e tenta observar este “resto” de Auschwitz.
c)    Niilismo ético e a zona cinzenta - Fim dos projetos éticos do Ocidente
Agamben vai desenvolver o conceito de zona cinzenta, na qual, em linhas gerais seria o locus de normalidade, onde tudo, por mais cruel e animalizante for, torna-se comum.
"(…), Levi relata que uma testemunha, Miklos Nyizli, um dos poucos sobreviventes do último esquadrão especial de Auschwitz, contou que assistiu, durante uma pausa do “trabalho”, a um jogo de futebol entre SS e representantes do SonderKommando.[…] à partida assistem outros soldados SS e o resto do Esquadrão, torcendo, apostando, aplaudindo, encorajando os jogadores, como se a partida se desenrolasse não diante das portas do inferno, mas num campo de aldeia."
A partida de futebol que aconteceu nos campos de concentração ao olhos de Agamben é a imagem mais emblemática da zona cinzenta, onde a Ética é suspensa, e nenhum fundamento sobrevive.

d)   A Lacuna do testemunho / Impossibilidade de testemunhar
Agamben entende que o testemunho do sobrevivente traz consigo uma lacuna, lacuna esta que tira a validade daquele que testemunha. Tudo o que os sobreviventes disserem, por mais honestos que forem nos seus testemunhos, residirá nelas com um ponto de interrogação. Dito isso, na medida em que os testemunhos, são dos sobreviventes, que são a exceção (sobreviveram por prevaricação, habilidade ou sorte), a regra são os 'mulçumanos', e estes não podem mais falar, perderam a faculdade de fala e pereceram nos campos de concentração.
Levi citado por Agamben, aponta:
"(…), não somos nós, os sobreviventes, as autênticas testemunhas. (…). Nós, sobreviventes, somos uma minoria anómala, além de exígua: somos aqueles que, por prevaricação, habilidade ou sorte, não tocamos o fundo. Quem o fez, quem fitou a Górgona, não voltou para contar, ou voltou mudo; mas são eles, os mulçumanos, os que submergiram – são eles testemunhas integrais, cujo depoimento teria significado geral[5]."
Para Levi, o único testemunho autêntico é o do mulçumano, porque foi ele que tocou o fundo do poço, foi ele quem fitou Górgona. Do que se segue a impossibilidade do testemunho dos sobreviventes.
O resto de Auschwitz é a impossibilidade do testemunho:
"Os que sobreviveram aquela experiência nunca saberão o que ela foi; os que a viveram nunca o dirão; realmente não, não até o fundo. O passado pertence aos mortos…[6]"

Bibliografia
ARENDT, Hannah. A condição humana. 5ª ed. Trad. Roberto Raposo. RJ: Forense Universitária, 1991.
AGAMBEM, Giorgio. O que resta de Auschwitz (Home Sacer III). Trad. Selvino J. Assmann. SP: Boitempo, 2008, p. 25 – 48.

[1] Vida Nua (zoé): a vida nua consiste em linhas gerais na ausência da dimensão da política e o cuidado único e exclusivo com o corpo. - zoè – corpo – vida privada – necessidade
[2] Vida propriamente humana (bios): consiste na vida política, dedicada a ação na polis e ao debate ético no centro da cidade. bios – política – vida pública - liberdade
[3] O Muçulmano aqui não deve ser lido enquanto aquele que é adepto da religião Mulçumana, mas, enquanto o Judeu que definhou no campo de concentração, a ponto de perder todas as faculdades de humano, bem como, a ponto do Primo Levi perguntar-se, É isto um homem?
[4] Esta implícito no termo sorte, a total ausência de ordem, de categorias, de fundamentos para matar os judeus. Estes eram mortos aleatoriamente.
[5] Levi, apudt Agamben, p. 42.
[6] Wiesel  Apud Agamben p. 42.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Ser e Existir: a grande interrogação

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A alma humana é uma incerteza. 

Não compreendemos o que somos ou porque o somos. Em nós vive um conjunto de características próprias que fazem parte nós e define o que somos...

Mas porquê? 

Porque esta vida insignificante precisa de alguém como nós? Ou apenas, porque tínhamos de existir?

E isto, o que é? Este texto, para que serve? Sinceramente, não sei. Sou eu que o estou a escrever, mas não sei se tem algum significado ou se são apenas meras palavras escritas num papel.

Muitos vivem felizes pensando que são tudo e que tudo sabem, mas mal sabem que nada sabem. Se calhar até sabem muita coisa, mas aposto que não sabem responder a isto: 

            O que somos? 
            O que estamos aqui a fazer e porquê? 
            Para onde vamos? Será que a vida é só uma passagem? 

Quando a essas perguntas soubermos responder podemos considerar-nos um pouco menos ignorantes. 

            E o que ficou para trás da nossa vida? Será que interessa? 
            E o que não fizemos, será que devíamos ter feito? 
            Um dia morremos, e será que isso tudo será importante?

Joana Palhau, nº17, 10F(2014/2015)

Filosofia, Ser e Existir

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Desde os seus primórdios que a humanidade se questiona sobre a razão do seu existir e de tudo à sua volta.
De facto, qual será a razão de tudo o que passamos durante a nossa vida se no fim voltaremos apenas a “pó”?
Encontrei-me recentemente, apenas a apreciar esta passagem pela vida à beira de um rio a ver os navios e a levar com o vento na cara.
Realmente, de que servirá reler as páginas que já foram escritas? Todo o ser humano deveria concentrar-se em seguir em frente. Sejam boas ou más as memórias que um individuo tenha, este apenas se deverá orgulhar de as ter vivido e nada mais, porque o nosso tempo enquanto temos posse da consciência e do conhecimento é deveras curto e há que saber aproveitá-lo.
Haverá, porém, momentos em que a consciência humana enfrentará um “abismo”, em que se sentirá perdida e sem respostas. Pois será nesses momentos que mais se deve recorrer à Filosofia, mais não seja apenas para reconhecer o estado em que nos encontramos e refletir sobre o mesmo.

André Francisquinho 10F (2014/2015)

Ser e Existir

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O Homem, um ser do qual não se sabe porque razão veio ao Mundo, qual o seu objetivo, nem para onde vai.

Será que veio ao Mundo por uma razão e não sabe qual?

Poderá vir ao mundo só para o habitar?

Ou para se salvar do caos que ele próprio cria e perceber o seu erro?

Qualquer pessoa tem uma razão de existir no Mundo, podendo ser ela apenas  fazer número ao nascer,ser educada,trabalhando, ter descendência e desaparecer.

Muitas pessoas pensam que vêm ao Mundo só para dar continuidade à permanência na Terra do seu ser. Mas outras vieram e tiveram um objetivo mais vasto, como combater o racismo ou a pobreza.

Para onde se vai? Uma pergunta que muitos debatem sem uma conclusão lógica, será que vamos para o céu, para o inferno ou iremos para outro mundo continuar a nossa vida?

Uma coisa sabemos: existimos e desaparecemos, a hora de partida só ‘Deus’ sabe.

Fábio Pontes  nº14 10F(2014/2015)

A Filosofia e a Axiologia

domingo, 18 de janeiro de 2015

Sou ou não Charlie?


Se sou Charlie posiciono-me contra todos os radicalismos incluindo o jihadismo islâmico na Europa. 

Se sou Charlie, sou contra um sistema de ensino em que se marginaliza, onde a inclusão se torna um elemento estranho: substituindo-se um sistema integrado de ensino por uma multiplicidade de cursos: CEF, EFA, Profissionais, profissionalizantes, etc., os quais pretendem formar especialistas mas, promovem um exército de desempregados (especialistas), no fundo um exército de alienados da sociedade como o especialista autómato caricaturado em “Os Tempos Modernos” produzido por Charlie Chaplin.

Ser Charlie é lutar contra um Etnocentrismo que de novo é cavalgado na Europa, leia-se UE. A Europa que o séc. XX construiu, principalmente, depois da II Guerra Mundial é uma Europa Multicultural, Multirracial, Multirreligiosa e política. 

Se sou Charlie, então sou contra a uniformização orçamental da “Senhora Merkell”. 

Se sou Charlie, então rejeito as políticas de controlo da emigração de David Cameron. 

Se sou Charlie, então tenho de negar os níveis securitários impostos a todos os cidadãos europeus como se vivêssemos numa fortaleza-prisão.

Se sou Charlie, então tenho de garantir que a Democracia funciona, escolham os gregos quem quiserem para os governar.

Se sou Charlie, então tenho de garantir que todos são, mesmo todos, iguais perante a lei: desde o “banqueiro ricardo” ao “zé da fruta”.

Se sou Charlie, então vou obrigar o governo turco a respeitar os Direitos Humanos e, já agora, obrigo o governo de direita da Hungria a respeitar os direitos de cidadania dos seus cidadãos.

Se sou Charlie, então obrigo o Estado de Israel a cumprir todas as resoluções das Nações Unidas que até hoje o condenaram por violação dos Direitos Humanos.

Ou, afinal, não concordo com estas posições e não sou, não posso ser Charlie. Que hipócrita continua a ser, afinal, a política.

 João Pinto

Je Suis Charlie


A liberdade de expressão é uma das maiores manifestações da liberdade.
A defesa da liberdade de expressão é sempre urgente em democracia e ultrapassa os limites da luta contra o terrorismo e os fanatismos. Porque a mais grave limitação da liberdade de expressão é o chamado politicamente correto que não é mais do que a agnosia cívica que dá origem às afasias da nossa sociedade democrática que sustentam o pensamento único que se nos impõe como uma ditadura sem oposição. 
Debaixo dessa capa de insensibilidade política grassa a plétora de poderes não controlados pelos cidadãos que traçam o destino do mundo e das sociedades.
A austeridade é uma das manifestações desse estado de coisas fora da racionalidade política que dá sentido à democracia como regime aberto, capaz de sustentar formas de vida cada vez mais emancipadas.
A igualdade está cada vez mais longe do horizonte práxico da cidadania, com a destruição paulatina dos direitos sociais, único legado civilizacional da Europa enquanto ideal cosmopolita de civilização dos povos, em torno do ideal da fraternidade, assente nos direitos humanos e na promoção da humanidade como ideal que a si próprio se reconfigura na racionalidade questionadora de mitos castradores e obscurantistas.
Vista sob este prisma a desvinculação do capital em relação à ordem republicana (no sentido da res publica), assenta na instauração de uma ordem desumana que legitima todas as formas de terrorismo e dá direitos de cidade à mais insana das formas de violência: a defesa da religião e dos seus sucedâneos opiáceos no espaço mediático, através da mais descarada encarnação do mal,  mal que se justifica como negação de todos os valores fundantes da ordem democrática, entre os quais se conta a própria liberdade religiosa (que deve ser encarada como a liberdade de viver a religião e conviver com ela, mesmo sem se assumir uma fidelidade a um credo). 
Basta apontarmos os holofotes para os poderes que lucram com o medo, a violência, o fanatismo, o jihadismo (e todos os outros ismos em que é fértil a imaginação humana), para vermos o que suporta este nosso mundo aterrorizado e aterrorizável: as grandes corporações que vivem do comércio das armas e das consciências, mesmo as desarmadas, em nome de valores transformados em mercadoria, e os seus servidores de fato e gravata, aqui nas sociedades europeias, com outras vestes e barbas hirsutas, noutras paragens mais quentes e mais bombardeáveis. 
Parecerão, por isso, insanos os apelos à concórdia e à compaixão - o fundamento, afinal, da FRATERNIDADE que é um dos valores fundantes das democracias modernas (convém não nos lembrarmos que a Revolução de 1789 é o móbil da invenção da guilhotina). Mas é caso para nos perguntarmos se a ordem do mundo é uma desordem aos olhos da sã razão, não da razão pura, mas da razão ancorada no coração da vida (que deveria ser a vida do coração).
Paulo Feitais