quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Ergue-te

Foto: Paulo Feitais




















Ergue-te… Diz-te…

Faz-te em ti…

Constrói-te… mas,

Acima de tudo

Não te rendas!

Horta/2000
João Pinto

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Por que existe o ser e o não o nada?



Essa é uma questão que eu gostaria de saber responder. Esta pergunta remete-nos para outra: Por que existe tudo aquilo que observamos? Novamente, não tenho resposta, mas sei que não sou a única, pois há perguntas cuja sua linha de resposta ficará em branco.
Por vezes, o existir é problemático, se certas doenças não existissem, milhões de pessoas não estariam infectadas e outras tantas não teriam falecido. O nada, por sua vez, também o pode ser. Se algo não existe na nossa vida, é porque não o devemos ter, ou simplesmente, porque não é a altura adequada para o adquirir, mas se no lugar do nada deveria estar algo, pode causar desassossego ou o sentimento de perda, e tentaremos encontrar uma forma de preencher um vazio, apesar do nada ser infinito em certos casos, e o que parte leva uma parte de nós, e aí, temos de encontrar-nos a nós próprios e transformar o nada negativo num nada positivo.
Como referi anteriormente, o ser/existir e o nada também podem ter um lado positivo. Apesar de eu ser uma mera gota no oceano ou um mero dígito na infinidade de números, sou uma pessoa grata por existir e por existirem pessoas melhores que eu a meu redor. O nada é positivo quando há ausência de situações negativas.
Concluindo, no meu ponto de vista, o ser e o nada existem os dois, completam-se um ao outro, formando uma dualidade, assim como o símbolo Yin-Yang.

Ana Carolina Martins - 10ºE (2014/2015)

O que sou eu?



Eu sou um enigma. Eu sou uma equação mal resolvida.
Sou um livro com páginas soltas, outras riscadas e outras até mesmo em branco. Existem erros ortográficos em todo o livro, erros que não podem ser remediados. Em algumas páginas existem fotografias a preto e branco, memórias do passado e perguntas em relação ao futuro. No meio das páginas, encontramos restos de borracha gasta, fruto do esforço para tentar ser melhor. A história deste livro é verídica e fictícia em simultâneo, pois uma parte é constítuida pelas lições e empurrões da vida e a outra pelos sonhos e objetivos que ainda não passam de ideias.
Não sei o título, nem mesmo como o livro acaba.
Mas, no fim, sei que quero colocá-lo na prateleira da minha biblioteca, sabendo que continuarei a ver a sua lombada na secção das incógnitas.

Joana Carvalho, 10ºE (2014-2015)

Ciclo de Cinema: a (i)moralidade da guerra

Foto: Henri Cartier-Bresson


Introdução

“A guerra é a coisa mais desprezível que existe. Prefiro deixar-me assassinar a participar dessa ignomínia.”
Albert Einstein


“A guerra é mãe e rainha de todas as coisas; a alguns transforma em deuses outros, em homens; de alguns faz escravos, de outros, homens livres”.
Heráclito

“Na realidade nenhuma guerra que se conheça na história, no presente ou no futuro que se possa prever, foi justa.”
Thomas Morus, in Utopia.


A teoria da guerra justa encontra as suas origens nos escritos de Cícero, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e Hugo Grotius. Por exemplo, para Santo Agostinho os critérios que definiriam a guerra justa seriam a autoridade e a causa adequada. Nos nossos dias uma teoria da guerra justa é desenvolvida por Morgan Pollard que caracteriza a Jus ad Bellum (guerra justa) de acordo com alguns critérios:

        • A causa justa, tal como a protecção dos direitos humanos;
        • Intenção correcta, que deve ser o estabelecimento da paz;
        • Proporcionalidade apropriada, com fins justos ultrapassando os meios;
        • Posição defensiva ao invés de ofensiva;
        • Uso da força apenas como último recurso após medidas económicas e diplomáticas;
        • Autoridade e liderança competentes;
        • Alta probabilidade de sucesso;
        • Limitação do uso excessivo da força;
        • Não utilização de soldados alistados e crianças;
        • Não uso intencional de tácticas ou armas malignas;
        • Uso cuidadoso de discriminação na prevenção de situações com inocentes.

Sintetizando:

        • Causa justa
        • Intenção justa
        • Autoridade legítima
        • Possibilidade razoável de sucesso

No entanto, para Thomas Morus, uma guerra nunca será justa e, assim, nunca terá uma moralidade que a suporte, o prefixo (i) implica a negação do conceito precedente e, deste modo, a (i)moralidade da guerra será a essência da negação de existência de uma guerra justa. Mas, não nos enganemos, a discussão não é de hoje, desde a primeira comunidade humana que a discussão do justo princípio da guerra é discutida e das respostas dadas surgirão os princípios de uma moral que a definam, à guerra, enquanto justa. 
Quantos fiéis ou infiéis mais terão de continuar a tombar? Quantas lágrimas e quanto sangue continuarão a ser derramados para alimentar esta contenda de carácter filosófico e nos nossos dias de carácter religioso? 
Tal como nos ‘partisans’ de Raymond Aron, aos jiadistas ‘basta não perder para ganhar’ e, deste modo, a moralidade da guerra passa a ser uma coisa tão relativizada quanto abstracta, quem é o inimigo a abater? Tu… eu; todos os que discordam…? O terreno a conquistar já não é aquele quintal; aquela longínqua colina. É a consciência de todos os homens, deste modo, o inimigo passa a ser o homem que ousa ser livre, esse inóspito e virgem ‘território’ que ameaça o fanatizado seguidor de uma ‘Moral Standard’. Assim, essa guerra justa, passa a ser um Requiem por toda a moral que ousa ter a liberdade como um farol nesta noite que se abate sobre os homens.

João Pinto

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Início de travessia

Foto: Paulo Feitais



















Início de travessia
travessura do pensamento
o firmamento espraiado no chão
de haver dois lados do mundo
os começos sempre tropeçam
nos arranques desacostumados
da continuação
os remos nas amuradas do coração
sulcam o silêncio
e os sonhos vão além dos campos lavrados
da sonolência da vida quotidiana
para lá do que é costume
há uma rota de lume
com direção ao sul
e a imensidão é azul
vista de dentro da escotilha da inquietação
há florestas esmeraldinas há montanhas em riste
à espera de quem não desiste
de partir à aventura
em cada estádio da vida
qualquer idade é imatura e inaugural
todas as descobertas são matutinas
nenhum dia é igual aos que já passaram
é sempre novo cada parto da madrugada
quem anda à sorte não tem norte
nem terra firme em que descanse
da travessia sem depois
sem partida e sem chegada

Paulo Feitais